Polis de Indiana

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INDIANÁPOLIS | Mas já aconteceu de um monte nesta viagem. Primeiro que, ao sair de São Paulo, tinha aquela ameaça lá de paralisação da Marginal, porque agora virou moda paralisar e marginalizar. É o processo de cretinalização às custas do que havia se iniciado um movimento de protesto contra o aumento da tarifa e outras tantas coisas erradas. Enfim, aí eu e Evelyn Guimarães tivemos de ter o cuidado de ver se os bocós estavam lá ainda enchendo a vida de uma cidade já cheia. Não, ao menos. Chegamos ao aeroporto e constatamos que estava mais cheio que a cidade em si.

Do portão 3, muda para o 9 e depois para o 11, desculpem, senhores, e pelo menos partiu na hora. Fomos separados no avião, o que fez Evelyn chorar e dormir logo, a ponto de perder o delicioso jantar com salada de pepino e uma carne que tinha ali algo feito com ovo. O voo, ao menos, chegou na hora também, só que precisamos correr no aeroporto de Washington para pegar a conexão, o que nos fez dispensar a visita programa a Obama.

Bom, o aeroporto de Washington é daqueles que tem metrô para levar às diversas letras dos portões de embarque domésticos. Assim que pusemos os laptops de volta às mochilas, calçamos os tênis e recolocamos as blusas com o frio polar, chegamos à uma funcionária X qualquer que sacramentou: “O voo está fechado”, e indicou que fôssemos falar com o setor da clientela triste da companhia aérea. Andamos em sete corredores, pegamos três escadas rolantes, o trem, a vida, dobramos à esquina, vimos o setor dos portões A, depois do D, do C e do B, e aí ouvimos: “Indianapolis last call”.

Embarcamos.

Embarcamos num avião que cê tinha de baixar a cabeça pra entrar nele, andar de lado para avançar a fila, ser anão e raquítico para ir bem. Chafé na cuca e alguma meia horinha babando de sono, aterrissamos com o horizonte plúmbeo dando as boas-vindas. Bastou entrar na van que o aguaceiro veio.

Aí fomos pegar o carro e tal, e aí vem o cara: “Tudo bem?”, “Como assim ‘tudo bem?”, pensei, e perguntei se o rapaz sabia português, “sim, minha mulher é brasileira”, e aí é papo pra mais de hora com o cara que conhece Belém, Fortaleza, adora São Paulo e odeia Manaus. No fim, Peter indicou lá uns bons lugares a ir e “vamos combinar uma cerveja para vocês conhecerem a Sara”.

As coisas começavam a melhorar.

Mentira.

Vitonez com foto de cinco anos atrás. Direto do túnel do tempo
Vitonez com foto de cinco anos atrás. Direto do túnel do tempo

Depois de deixar as malas no hotel, que batizarei de Moquif Inn,  e um banho, pegamos as credenciais e vi que a minha foto de cinco anos atrás é quase de um irmão dez anos mais novo. A gente envelhece rápido, deus me livre. Entramos por um portão novo de credenciamento de imprensa por conta da mudança do circuito misto, demos aquele drible esperto & saudável para parar o ‘Abacartão’, nome que dei ao carro, perto da sala que nos acolhe, subimos, deixamos nossas coisas ao lado das de Américo Teixeira e Andrea Leite, ligamos o computador e zupt!, quedê internet grátis e fácil?

Perdemos o almoço.

E tenta conectar, e liga, e desliga, e cria a conexão na raça, e põe, repõe, recontrapõe a senha, e nada, e nada, e nada, e os carros indo para a pista, e maldição!, que diabos vou fazer sem computador, esse lindo computador comprado aonde? Isso mesmo, Indianápolis, três anos atrás, quando o antigo resolveu dar problema justamente no saguão do aeroporto de Guarulhos. Daí a Andrea indicou ali o Mike, prazer, um cara sentado à minha diagonal direita que tem cara de Adam Sandler, “ele vai resolver”.

E aí se conversa com o Mike e se atrapalha pra dizer todos os termos em inglês que se resumiriam em “essa merda não conecta, proxy, IP”, e o cara vai, olha para o Mac dele, liga para o chefe, faz as mesmas coisas, desliga, liga, e funciona. Um abraço efusivo, Mike, cê é meu deus, cara, vou rezar muito por você, adorei sua participação em ‘Tratamento de Choque’, e aí você senta, conecta, fala, vê o que se passa no mundo, desaba a chuva em Indianápolis, treino interrompido, nada por fazer.

A Andrea ainda me vira e fala: “Tá sabendo que meu carro foi guinchado?”, “Como assim, que cê fez?”, “Ah, eu parei meu carro aqui embaixo e não podia”.

O Abacartão ainda está lá, e mais emoções estão vir.

Eu amo Indianápolis.

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