Parada no tempo

NATAL | A FIA anunciou ontem uma série de medidas e mudanças para várias categorias, naquele encontro do Conselho Mundial de chá e biscoitos que faz às vezes, e bateu o martelo na ideia das relargadas paradas, isto é, novos grids serão formados durante as corridas depois que o safety-car entrar nos pits em períodos de paralisações. O negócio só não vai ocorrer nas duas primeiras voltas ou quando faltarem cinco ou menos para o fim das corridas.

Não é das medidas mais populares e inteligentes e até pode suscitar estratégias escusas para algumas equipes. Digamos que um piloto esteja liderando, longe, mas longe, e aí, a sete ou seis voltas para a bandeirada, o companheiro do segundo colocado, que não está lá fazendo grande coisa na vida, ops!, pare na pista ou provoque a entrada do SC. Aí vai, reagrupa tudo, alinham, e o primeiro tem um problema. “Ain, mas é pra isso que estão fazendo isso”. Eu pergunto: isso é necessário? É realmente isso que vai mudar a F1 e deixá-la mais atraente e emocionante, suscitando dúvidas sobre a lisura do negócio? “Ain, mas hoje é tudo visto e ouvido pelo rádio”. Meu caro, hoje isso é facílimo de combinar, códigos, sinais, fumaças, briefings bem estudados e tal.

A F1 quer prender o nego em frente à TV dando a ele a possibilidade de ter uma nova largada para reembaralhar as posições. E está mexendo numa das partes a priori intocáveis de uma corrida. Ter várias largadas durante as provas, ao contrário do que se pensa, diminui o efeito da primeira. É tão artificial quanto o DRS, a asa móvel que fez das ultrapassagens algo banal.

Enquanto isso, Bernie Ecclestone reluta em abrir a F1 à internet e a um público ávido a consumir a F1 e novas ideias. Com este tipo de novidades, a F1 cria para si mesmo bandeiras pretas, punindo-se. A F1 parou no tempo achando que o dinheiro que movimenta é suficiente. E no fim das contas, poderia movimentar muito mais com atitudes mais compartilhadas e curtidas.

Comentários

  • Em termos de relargadas, ajudaria se simplesmente emparelhasse os carros, que nem na Indy, impedindo o primeiro de mutretear a relargada e se safar dela, enquanto a galera atrás dele se enrola.

    E a F1 tem que ter mais treinos… que se monte um fundo em que as esquipes dispostas a treinar paguem uma “multa” que ajude as piores classificadas, mas permitam que cheias de dinheiro evoluam. Um carro mal nascido é um ano perdido pra equipe, pode ser mais caro que os testes necessários para melhorá-lo.

  • No tempo de Fittipaldi e Piquet quando entrava PACE CAR, o tempo da volta anterior era mantido. Já vi corridas que o cara chegou em 2º ou 3º e ganhou a corrida.

  • “Digamos que um piloto esteja liderando, longe, mas longe, e aí, a sete ou seis voltas para a bandeirada, o companheiro do segundo colocado, que não está lá fazendo grande coisa na vida, ops!, pare na pista ou provoque a entrada do SC”.

    Pior que, nessa situação hipotética, consigo imaginar muito bem o piloto que estaria em segundo

  • tenho idéia muito melhor e vou até patentear. colocamos jean todeye vermie eclestone deitados em toda extensão da pista e mandamos os carros passarem por cima deles quem arrancar o pescoço de algum deles com o pneu do bólido ganha 100 pontos no campeonato

  • Eu nunca vi tanta gente retardada discutindo alguma coisa. É corneta no escapamento, é chapa de titânio pro carro cuspir fogo, é carro que bate asa e agora essa história estúpida de relargada parada.

    O dia que começarem a conversar sobre mais aderência mecânica e menos aerodinâmica nos carros, a coisa começará a mudar e os velhos e bons tempos resplandecerão. Em outras palavras, a hora que a F1 deixar de ter aviões na pista para ter carros de corrida, veremos competições e talentos verdadeiros.

  • Acho que essa preocupação com consumo de combustível de uma inutilidade imensa, quer economizar petróleo? Então vamos usar etanol ou E85, e colocar motores v12 ou no mínimo v10, querendo ou não o barulho desses motores conta muito, eu só de ouvir fico arrepiado, lembro que o único GP que assisti na vida “in loco” foi em interlagos 2001, os BMW V10 tinham o barulho mais bonito de todos no grid, esses motores de hoje tem um barulho horrível.
    Os pneus tinham que ser mais largos também para melhorar a aderencia mecanica, e ajudar nas ultrapassagens. Esses circuitos modernos que nao tem zonas ultrapassagens, hockenhein com suas intermináveis retas pela floresta negra foi mutilado sem dó nem piedade, pra quê? Segurança? Vai correr de autorama entâo.

  • Passou ha hora do tio Bernie sair deixar gente do esporte pensar. Ele só sabe pensar em negócio e isso está matando a F1 atual. Tudo muito politicamente e ambientalmente correto. Muitas regras, Muitos mimimi….

    RIP

  • É por isso que cada vez gosto mais do WEC e da NASCAR. No WEC temos construtores de verdade, usando tecnologia que pode ser transferida pros carros de rua, trabalho em equipe, automobilismo puro. Na NASCAR, eles podem ser meio caipiras, mas são autênticos e abertos aos espectadores, é um show de relacionamento com o público.

    A F1 parece que está querendo agradar à “geração videogame”, só que eu faço parte dessa geração e se eu quiser ver carrinhos com asa móvel e outras babaquices artificiais, eu ligo meu playstation. Não preciso gastar os tubos com um ingresso de preço ridículo, ou pagar mensalidade pra acessar conteúdo exclusivo já que é tudo monitorado e bloqueado na internet. O Bernie Ecclestone parece querer leva a F1 para o túmulo junto com ele mesmo.

  • Já era pessoal! Temos de nos conformar que nosso esporte favorito acabou! Mataram a f1, dentro de 5 anos ninguém mais vai ligar pra ela.

  • A F1 está cavando sua cova.

    Essas unidades de força e a F1 “ecológica” são engôdos em toda a linha. Quer reduzir o consumo absurdo de petróleo durante um final de semana? Dê dois jogos de pneus para cada equipe e um para chuva. O que se gasta em derivados do petróleo para a fabricação das centenas de pneus utilizadas durante um GP faz os 100 quilos de combustível parecer uma agulha no palheiro. Não faz sentido.

    A fabricação dessas unidades de força causa mais impacto ambiental do que a extração, refino e queima da gasolina. São baterias que usam elementos químicos de baixa concentração na terra, exigindo a mineração de milhões de toneladas de rocha para obtenção de poucos quilos de lítio, cromo e outros metais. E as máquinas utilizadas na mineração utilizam combustível fóssil. E muito.

    Saindo da babaquice ecologicamente correta para Inglês ver, vamos para a parte esportiva: economia de combustível, economia de pneu, economia das baterias, economia do ar que o piloto respira e todas essas estultices que reduzem o piloto de grande categoria a um do fundão do grid. Os pilotos não podem andar a 100% de sua capacidade porque os carros não permitem. Vira um joguinho de xadrez inócuo.

    DRS e agora essas largadas paradas são a cereja do bolo desse regulamento esdrúxulo. Os carros são pesados e muito mais lentos que os F1 de 2004, há 10 anos atrás. O ruído do motor é deprimente, enjoativo e tira todo o impacto da presença ao vivo no autódromo para os entusiastas.

    Por fim, o congelamento do desenvolvimento de motores: a pretexto de “economia”, essa aberração faz com que o fabricante que desenvolver de cara o melhor motor possa ficar anos inalcançável, produzindo as mais idiotas e previsíveis temporadas que se pode conceber, como é o caso de 2014.

    RIP F1.

  • “Digamos que um piloto esteja liderando, longe, mas longe, e aí, a sete ou seis voltas para a bandeirada, o companheiro do segundo colocado, que não está lá fazendo grande coisa na vida, ops!, pare na pista ou provoque a entrada do SC”.
    Também não concordo com relargada parada, mas esse exemplo seu aí pode acontecer mesmo com relargada em movimento.

      • Não gostei nada dessa ideia. Muito fácil de armar sacanagens para tentar uma cartada final na corrida, como dito no texto. Será que os pilotos foram consultados sobre essa mudança?

        Seria melhor se copiassem a Indy e a relargada fosse em fila dupla. Seria um ingrediente a mais na disputa e não tiraria o ritmo da prova.

        • Não seria melhor copiar a Formula 1 de antigamente e o safety-car entrar menos (ou quase nunca) na pista? E os carros acidentados serem retirados com mais rapidez como se fazia? Quantos acidentes não acontecem logo na primeira curva quando o safety-car sai e estão todos carros juntos de novo? Safety-car? Quem gosta disso é americano.

          • Na Indy e na Stock ja inventarão todo tipo de idiotice e o resuntado é o mesmo,ou a corrida é boa ou não é e ponto final.Sobre a asa novel não facilita tanta assim e em algumas pistas é totalmente inutil

  • Acredito que o problema todo seja o conjunto da obra.

    Entendo a filosofia por trás dos novos motores turbo e aprovo. Tudo que sai das pistas vai pra rua. Daqui a uns 5 anos vamos ver todo mundo usando ‘Unidades de Força’.
    O que acho desnecessário é o congelamento dos motores, isso sim é sem sentido. Se querem congelar, que esperem mais uns 3 ou 4 anos até que essa tecnologia se “estabilize”.

    Desde o advento do DRS, ultrapassar não tem a menor graça. Ainda por cima a área de escape das pistas é muito grande, o que deixa o piloto muito confortável pra errar e voltar pra pista tranquilo. Acho que deveriam colocar um asfalto de realmente deixasse os pneus ‘no cordão’, assim iria simular a boa e velha areia que os pilotos tanto temiam. Depois que o o Petrov disse que tinha medo de testar em Mugello, vê-se que a F1 não é mais coisa pra se ter muita coragem.

    Se for escrever o que quero aqui, vai estourar o blog. rsrsr

    abraço

  • Do ponto de vista espetáculo, entretenimento para o público, etc. a NASCAR dá um banho na F1. Na NASCAR o público está muito mais próximo dos pilotos e equipes; é possivel que você alugue rádio e acompanhe toda a comunicação entre o piloto escolhido e sua equipe, coisas que só fazem a relação entre o público e o esporte se estreitar. Bem diferente da F1 que cada vez mais se fecha no seu mundinho esnobe e não permite acesso do público.
    Curto e acompanho a F1 sempre, acorde de madrugada para ver as corridas e tudo, mas no final da corrida sempre fico com aquela sensação de que não valeu a pena o esforço, muito diferente do que tenho quando acompanho a NASCAR, MotoGP, Moto2 e Moto3.
    Das regras novas da F1 a asa móvel e a obrigatoriedade de usar os 2 compostos de pneus são as piores. Diminua a aderencia aerodinâmica e aumente a mecânica, faça compostos diferentes, mas deixe que cada equipe use eles como preferir e pelo amor de Deus acabe com essa porcaria da asa móvel.
    A Formula 1 precisa urgente se reinventar, e não é apenas com mudança de regras, mas também na interação com o público.

    • Concordo plenamente. Asa móvel é uma das coisas mais idiotas que a f1 inventou nos ultimos tempos. Essa tentativa de simular competitividade, banalizando as ultrapassagens é horrível.

  • Acho que nunca tivemos tantas reuniões assim, tentando buscar soluções para digamos “problemas” criados por eles mesmos. A F1 está a cada dia ficando mais sem graça, perdendo sua identidade.