Spa Relax Francorchamps Elisées, 3

SÃO PAULO | Poderia ver setecentas e catôze vezes a imagem da repetição do choque que não veria qualquer intenção deliberada de Rosberg em bater em Hamilton na volta 2 do GP da Bélgica. Um incidente de corrida até comum em que partes de asa se vão, furos de pneu acontecem, e a vida segue. Como aconteceu, sem uma menor carga de atenção, no encosto que Alonso deu em Vettel na magnânima briga do fim da corrida que envolveu também as McLaren de Button e da muralha danesa Magnussen. A coisa ganhou corpo porque, em primeira instância, Hamilton se deu bem mal e, no outro extremo, Rosberg fez importantes 18 pontos para o negócio; na da equipe, a Mercedes não levou para casa uma dobradinha fácil.

Em meio às vaias do público ao alemão, o inglês já estava sendo irônico com a felicidade do companheiro e espumava, seu chefe #1 (Wolff) saiu dizendo que a situação era inaceitável e o #2 (Lauda) defendeu Hamilton, desgostoso com a precipitação do outro piloto. Até o #3 (Lowe) deu o pitaco e agregou ao coro unânime. Espalharam que haveria uma reunião de emergência. Depois do encontro, Lewis saiu dizendo que o parceiro era réu confesso de seu ato em bater para “mostrar que estava certo”. Aí a Mercedes confirmou as palavras de Hamilton e, na sequência, tentou amenizar, com o eufemismo de que Rosberg foi mal-interpretado e quis dizer que optou por não evitar o choque.

O primeiro grande problema da Mercedes, na verdade, é a total inabilidade de gerenciamento, e não só de seus pilotos. A Mercedes está perdida: se do primeiro problema, em Mônaco, soube sair até que bem, na Hungria começou a demonstrar que não agia conforme seu discurso e não pôs as rédeas necessárias para evitar que nenhum de seus membros pusesse as manguinhas de fora e saísse com rusgas de uma outra prova que não soube ganhar. Afinal, o que entende por ordens de equipe? Suas estratégias são soberanas e de total conhecimento de ambos? Quem é que manda no negócio definitivamente? Às vezes, não é melhor ficar quieto?

O processo de fritura de Rosberg antes mesmo da conversa com o próprio beirou o ridículo. Se deixou seus pilotos realmente correrem, não tem por que cobrar de Nico que esperasse uma ou duas voltas mais para atacar o parceiro. Se houve o toque, que esperassem para resolver a situação entre portas fechadas antes de arrombá-las. Se ouviram as partes, que evitasse que a vítima da situação pussesse mais fogo no incêndio. Se não quisessem a destruição, que não tivessem então assentido as palavras para depois amenizá-las. E é claro que há uma crise, uma cizânia e um cenário de descontrole generalizado. O descostume de lidar com as derrotas é muito maior que o das vitórias.

E nisso, então, surge a dúvida: Rosberg agiu realmente de forma deliberada para ter o choque, para provar alguma razão? E qual razão: que era mais rápido naquele momento ou é ainda resquício de alguma coisa da etapa antes das férias? Porque o rescaldo da desgraça coloca em xeque o caráter dos dois pilotos. Hamilton não é flor que se cheire, sabe-se, mas foi sincero ou aumentou o caso para sair por cima, respaldado pela equipe? Rosberg foi apenas duro e demarcou território ou quis mesmo demonstrar algo? Wolff diz que sim e que não. Nico não tocou no assunto.

Digamos que Rosberg tenha tido realmente intenção. Bem, eu imagino que qualquer empresa que tenha um funcionário preocupado em fornicar com a vida de seu colega o mandaria embora. Se alguém do Grande Prêmio começasse, sei lá, a fazer corpo mole para deixar todo o trabalho na mão dos demais jornalistas ou que fizesse fuxico para criar um grupinho ou patota em detrimento de outro, seria enxotado sem direito a até logo e participação na festa de 20 anos. Até porque, como é que se convive com alguém em quem não se tem mais confiança? Se Rosberg fez isso hoje, significa que pode ter feito também na classificação em Monte Carlo, e todas as suas ações passam a ser revistas.

No fim das contas, este campeonato começa a se parecer com o de 2007, quando teve aquela altercação imensa na McLaren com Alonso e, puxa vida, Hamilton. Outro ponto em comum é que a Hungria esteve presente na história. Os dois, que disputavam o título, acabaram perdendo-o para Räikkönen e a Ferrari – que agora são bem representados por Ricciardo e a Red Bull – aliás, aqueles 18 pontos que lhe foram tungados na Austrália começam a fazer falta. Se a Mercedes perder esse campeonato, a primeira coisa que me vem à cabeça é dizer um bem feito com gosto.

Prefiro mais a elegância e o sorriso de um moleque que deixa a gente rir com ele do que essa gente que, quando abre a boca, não tem certeza do que diz nem sabe o que faz.

Comentários

  • Não concordo com absolutamente nada, e fazer valer o regulamento não é “tungada”. Tungada é o que estão fazendo com Hamilton nesta temporada. Eu pelo menos sei o que é um fluxômetro, para que serve e o que aconteceu com o carro do (ótimo) Riccardo na Austrália, acho o fluxômetro uma bobagem também, mas a regra esta lá, cumpra-se.

  • Será que um novo Dique Vigarista está para aparecer novamente na F1, deste ano. ?

    Nunca gostei de KIbeRosberg. Ele tem cara de pilantra.

    O que ele fez ontem era para tirar o Hamilton sim da corrida. O mais engraçado desta história e que quem vai sair como vilão vai ser o Hamilton. O pilantrão ainda possa com aquela cara de santinho do pau oco. Muita cara de pau desse novo DicK Vigarista.

  • É…Esse tal VM é gosta de pessoas brancas, olhos azuis ou verdes, sorrisos brancos… Mas o negão pra ele sempre está errado, né!

  • O Rosberg já explicou o que significa “provar que estava certo”.

    Rosberg disse anteriormente que numa disputa o Hamilton sempre cria uma situação onde a decisão de evitar o choque fica para o adversário. Senna fazia isso, Schumacher também. Vários outros fazem. Nesse choque Hamilton fez de novo, Jogou pra cima do Rosberg e deixou a decisão pra ele. Rosberg decidiu manter sua linha pra “provar que estava certo”. (que o Hamilton transfere a responsa pro outro)

    Vendo o vídeo, na verdade Rosberg desistiu de manter a linha e recolheu, mas já era tarde.

    Toque de corrida. E quem fala que foi “de propósito” tá viajando na maionese bonito, lambeu o pote todo.

  • Vitor, veja a onbord. O nico já tinha esterçado o volante para a esquerda, aí ele vê o pneu do Hamilton ali, brilhoso de pretinho que passara no lava jato da Mercedes, e vira o volante deliberadamente para a direita. Fez porque quis. Falei isso na hora para colegas que assistiam a prova comigo. Não tive dúvida em momento algum.

  • Não consigo entender essa postura, VM. Quando a F1 tá um marasmo, criticam, e agora que tem esse ingrediente extra, picante… Criticam! A ideia é criticar indiscriminadamente, é isso?

    Quanto ao toque, pelo amor de Deus aos que estão achando que foi proposital. Final da reta, 330 Km/h, freada dura, um “S” em 3ª marcha, você vem por fora em uma manobra difícil e entre dois pilotos com sangue nos olhos dispostos a qualquer coisa e o resultado disso, que durou fração de segundos, é apenas um toque de roda com asa, Ainda que Rosberg tivesse a incrível habilidade matemática para calcular aquele toque cirúrgico naquelas circunstâncias, qual a garantia que apenas Hamilton sairia prejudicado? Por favor, né!!!!

  • Não entendo essa história de “problema da Hungria”. Estão criando um factoide. Estavam disputando não só a corrida como o campeonato. Por que Hamilton deveria tê-lo deixado passar!? Por que a equipe mandou? Me façam uma garapa! A equipe mandou, da mesma maneira que a Ferrari mandou Barrichello deixar Schumacher passar, que mandou Massa deixar Alonso passar. Aberta a cancela uma vez, passam a passar, então, boiadas inteiras. Que palhaçada essa história de a equipe manda. Piloto nenhum – piloto de verdade – entra para ser segundo. Todos querem vencer. Querem corridas e querem o título mundial. Ninguém entra para ser goiabão: “eu corro pela equipe”. Tenha dó. Em time de futebol há aqueles que nem se lembram da equipe. Aí ficam com essa conversa boba de “equipe”, “time”. Ah, não dá! Agora, se falam de interesses comerciais diversos mandando nos rumos da “competição”, aí é outra história. É um outro tema completamente diferente.
    Neste sentido, o que aconteceu ontem foi, para mim, simplesmente o seguinte: Rosberg, de maneira anti-desportiva, pretendeu prejudicar Hamilton furando o pneu traseiro do carro do adversário. Faz bastante tempo que todos eles sabem que asas dianteiras e pneus traseiros são como faca quente em manteiga. Ele tinha espaço para deixar Hamilton passar. Ao invés disso, manteve indevida linha para colisão. Gosto de disputas fortes, mas a legitimidade há de ser sempre mantida.

  • Nessa formula 1, apesar das criticas à falta de espetaculo, aos arranjos artificiais para ultrapassar, ao excesso de punições, eu considero todos os pilotos, corajosos, pois encarar a molhada Eau Rouge como o Hamilton fazia no treino do sábado, se apoiando na zebra da Raidillon, de pé embaixo, o cidadão tem que ser muito valente, porque se sou eu no lugar dele, fico tres noites sem dormir, logicamente, se conseguisse sair vivo dessa.

  • esta geração de pilotos , que ai esta
    salvo poucos , são realmente um show
    de mimos e “maricadas”.
    eram para fazerem corridas no minimo fantásticas,
    tendo a certeza de 99% que voltarão pra casa , seja
    qual for o incidente.
    é complicado também ver a fragilidade dos pneus,
    assim como estas asas absurdas com pontas e aletas
    pra todos os lados, fazendo o carro parecer um “porco espinho”
    a F1 esta cada vez mais “ridícula”, já esta virando ate parque de diversão
    de adolescente ( verstapen) .
    solução: é começar de novo, ou acaba logo, por que ta sem graça

  • Corrida é isso… Hoje em dia são todos uns mimados, quer passar, que passe na marra!
    Toques acontecem e fazem parte… Hoje em dia qualquer encostada a FIA já pune na corrida, na seguinte com 3, 5 no grid… Deixem a corrida ser uma corrida! Só assim ganharam fãs

  • Fugindo um pouquinho da questão Hamilton x Rosberg x Mercedes, como é bom esse carro da Red Bull hein !!! O Newey acertou a mão, o carro tem tanto equilíbrio e aderência mecânica que eles se deram ao luxo de andar com pouquíssima asa para compensar a falta de folego da unidade de potência da Renault. Vocês notaram como eles – Vettel e Riccardo – entravam rápido na pequena reta dos boxes, contornavam bem a La Source, subiam rápido a Eau Rouge, saindo forte na Raidillon praticamente colado no carro à frente? Porque para se conseguir isso, o carro precisa de um equilíbrio de chassi muito bom, e para contornar a Eau Rouge praticamente sem asa é preciso ter um carro muito no chão. Mesmo com pouca asa o carro tracionava bem. Estavam chegando no final da Kemmel Straight em altíssima velocidade, até a Williams tinha dificuldade para acompanhar. Em contrapartida, as unidades de força Ferrari são fracas e o carro não é bom, Alonso e Raikkonen não podiam fazer nada. Mesmo com asa aberta, a Ferrari não tinha folego.

  • Sinceramente? O Rosberg quer marcar território. É alemão em uma equipe alemã – e se não tivesse feito deliberadamente, o staff da Mercedes não teria ficado contra ele. Pra mim, ele quer exclusividade. Só um dos dois pilotos da Mercedes já tem um longo contrato com um carro que tende a ser ano sim outro também competivivo. E não é o Hamilton.

    Sobre o Lewis não ser flor que se cheire, não me lembro dele ter feito dessas patacoadas de nível Rosberg/Schumacher em treinos, nem batido propositalmente com nenhum adversário direto do título pra se dar bem.

    • Nem tinham chegado na segunda perna da curva, e o onboard do Nico mostra ele virando o volante para a direita. É tão óbvio. Triste é ver jornalistas achando isso “acidente de corrida”, prá mim é acidente de jornalismo mesmo. O pior mesmo é a FIA não fazer nada, não que eu goste de punições exageradas, mas eles punem estas coisas, porque prejudicou muito um dos pilotos, mesmo que não tenha sido intencional (assim com o “não” SC hoje e na Alemanha do Rosberg). Vettel correu metade da prova fora das “linhas brancas”, ninguém viu, punição ridícula para a Ferrari (Alonso), enfim, mais um campeonato com cartas marcadas (para favorecer mais um alemão). Eu não assisto mais esse telecatch. O GIF é gritante.

  • Hamilton sempre deixa o carro “espalhar” pra cima dos outros. Fez isso varias vezes com o Rosberg. Tb fez com Raikkonen e na época disse que ele tinha “balls”. Hoje Nico teve balls e foi até o final…coisa de corrida. O Hamilton tb poderia ter recolhido, mas não qui deixar espaço pois a curva seria do Nico, logo a frente.

      • Além disso o Hamilton sempre joga pesado e deixa na do adversário a opção por recolher..
        Lembrem que há anos ele disse q o Raikkonen não tinha “balls”pra ir até o final nas curvas com ele..
        O Nico mostro that he’s got balls…chora Hamilton

  • O fato é que ele deveria ter levantando o pé. Vettel não fez o que Rosberg fez. A imagem onboard não mente, inclusive dá para ver Rosberg virando em direção a Hamilton. Deveria ter sido punido. Agora, se ele realmente fez de propósito no MÍNIMO deveria ser suspenso pela equipe de uma corrida.

  • A era Schumacher forjou um tipo de piloto que se assemelha mais com Rosberg do que com Hamilton.
    Particularmente prefiro mais o estilo Hamilton. Quem viu Prost, Mansell, Villeneuve (o pai) , Senna, e outros tantos de mesmo cacife vê a F1 hoje como uma categoria de chorões e burocratas.
    Nada como uma boa e purista corrida de kart.
    Automobilismo é muito mais do que contratos e grana. Soltem os cachorros e deixem que briguem.
    Só assim o esporte sobrevive.

    • “A era Schumacher”.
      Brincadeira…
      Procure por Senna-Brundle crash no YouTube, e verás a era Schumacher de bater propositalmente….

    • E não adianta espernear, pois aqui ou em marte, sete sempre será maior que três, assim como noventa e um sempre será maior que cinqüenta e um.
      Haters, difícil entendê-los…

  • O que deu a entender, foi simplesmente que o Nico não levantou o pé quando poderia ter feito, pensou apenas nele engasgado por causa da Hungria, e dane-se o resto. será uma pena se um piloto que joga sujo assim ganhar o campeonato, só para lembra que ele não negou nada que o Lewis disse sobre ele.