Rivalidade em dúvida

SÃO PAULO | A Mercedes esperou cinco dias para que todos, de cabeça devidamente esfriada, sentassem à mesa e conversassem sobre o turbilhão que, num primeiro momento, foi provocado por seus pilotos — Rosberg, principalmente — e depois teve anuência completa da cúpula da equipe — também embalada por Hamilton. Da reunião em Brackley, saíram pedidos de desculpas, promessas e alertas.

Pegando pelo comunicado da equipe e pelas palavras que os dois pilotos publicaram nas redes sociais, Rosberg assumiu a responsabilidade, Hamilton tomou para si uma parcela da culpa, ambos alinharam o discurso de ajudar a equipe e terem uma briga limpa e os recados foram dados para que, em caso de novo incidente, a direção vai apresentar o cartão de Tolerância-Zero. No entanto, bateram no peito para dizer que ouviram as vozes do povo e que a briga tem de continuar.

Os atos não tiram algumas dúvidas que se formaram desde então, e também considerando uma enquete que a própria Mercedes resolveu fazer pelas redes sociais com seus seguidores se deveria colocar o cabresto ou liberar a porra toda:

1) As declarações de Hamilton na segunda-feira indicaram que a razão que Rosberg queria mostrar se tratava ainda do caso Hungria, em que o inglês desobedeceu ao pedido da equipe para deixá-lo passar. Levando em conta que houve férias e uma reunião até descontraída, segundo os dois, antes da corrida da Bélgica para sanar o problema, qual é a garantia que se tem que Rosberg não vai fazer beicinho de novo, ainda mais na reta final do campeonato?

2) A Mercedes vive mesmo a dicotomia entre não perder o controle sobre seus pilotos e apresentar o melhor espetáculo possível para a F1, isto é, a equipe realmente abraçou a causa de ser a salvação da categoria em termos de espetáculo e competitividade mesmo que isso signifique o caos em sua garagem?

3) Rosberg se desculpou de verdade ou foi forçado a se desculpar? Porque se o alemão teve de engolir seco para se curvar aos chefes, é uma situação pior que qualquer tentativa de Hamilton de desestabilizá-lo emocionalmente. A partir de agora, se tiver de seguir à risca a cartilha do bom comportamento, a tendência é que Nico tenha uma pilotagem mais cautelosa e frouxa, diferente do que vem se mostrando. E aí é ponto para Lewis.

4) E aí, foi proposital ou não, afinal das contas? Porque uma hora, o que Hamilton falou do acidente intencional foi corroborado; em outra, era besteira pensar nisso, optando pela expressão “não evitou o choque”. Se transformou tudo em um reality-show, seria bem necessário esclarecer de uma vez por todas quem é que está falando a verdade, até considerando que a Mercedes se tornou a paladina do show.

Ao espectador, é claro que, quanto mais beligerância saudável, melhor — o que não isenta de a Mercedes ter ficado sem rumo no último domingo, demonstrando um mau gerenciamento do negócio. Mas essa sensação de que tudo parece superficial, tem dois lados ou até mesmo seja algo fake, como uma asa móvel ou um ERS, pode provocar o efeito contrário. Telecatch divertia, mas a gente sabia com certeza seu teor.

Comentários

  • Quem comanda as reuniões da mercedes? O papai noel? Tá duro de acreditar em todo o lero lero deles, Agora , eles tem de tomar cuidado, pois no telecatch , era tudo falso, só que uma vez um dos lutadores errou a distancia da porrada, bateu de verdade , o outro ficou muito puto, e virou um negócio mais sangrento e mais carnificina que muita luta do UFC . A Mercedes tá vivendo com esse risco pois, se tiver brincando de faz de conta, a coisa pode ficar feia de verdade

  • Acho que o toque de Nico não foi premeditado. Mas acho que deve ter passado algo assim pela cabeça dele: “Xiii, vai bater. Ó, bateu”.

    Para mim é impossível o Nico ter premeditado algo que acabou favorecendo tanto ele. Era imprevisível o resultado.

    A questão aí tem a ver com preferências, tangências e espalhar e não espalhar. Eu acho que essa coisa “espalhar” na curva não existe. Não cola.

    Se você deu brecha para o rival colocar 1 milímetro do carro ao seu lado, você TEM que deixar espaço para ele. Na minha visão.

    Acho que o Hamilton viu que o Rosberg não obteve sucesso na primeira perna da curva e achou que “estava no bolso”. Ele se posicionou para fazer a próxima curva como se estivesse sozinho. Não estava e Rosberg não se incomodou em tirar o pé do acelerador.

    Tivesse Hamilton contornado a outra perna por fora, com cautela, ele ainda teria mais 2 curvas para a direita para consolidar a sua defesa de posição.

    Na pista o psicológico conta muito, e espalhar para cima de um adversário revela uma certa força psicológica que se consegue impor ao outro. Ou também pode ter a ver com quem tem mais a perder entre “espalhador”e “espalhado”.

    Na mina opinião Nico não arregou pois tinha tanto ou menos a perder que Hamilton, que julgou já ter “dominado” o rival na curva anterior.

    Imagino os seguintes pensamentos nas cabeças dos 2 pilotos:
    LH: “Ah muleque, passar por fora você não vai não. Também sei frear tarde. Isso… ficou no máximo do lado e já estamos curvando…”

    NR: “Ô coitado, tá achando que vou desistir da briga tão fácil. A próxima curva está para mim. Minha vez.””

    Resumindo: acho que foi um acidente normal de corrida.

    • vc é parente do Galvão?? …que fica dizendo o que os caras estão pensando??Simples…o Rosberg bateu de propósito, pq é mau caráter, tá na cara!!!

        • A sua analise apesar de bem Gagalvanesca é muito mais proxima da realidade que a daqueles que acham que ele bateu com o unico intuito de prejudicar o inglês,pois como já ocorreu em muitos outros GP que houve choque semelhante o que estava por dentro levar a pior,não ha como saber as consequencias de um choque até ele acontecer se não porque fazerem exaustivas provas de crahs test em veículos. Não creio ser inteligente afirmar que ele sabia qual seria o desfexo da ação.Agora uma coisa é certa;os alemães desejam desde quando iniciou a F1 um alemão num carro alemão,campeão da F1,coisa que não tiveram quando Fangio pilotou pela equipe pois era muuuuuuuiiito melhor que os demais,este sim um grande sul americanozinho contra o mundo e também não havia a eletrônica que poderia interfirir no rendimento do carro a distância,acho que em alguns aspectos a modernidade prejudicou a competitividade do automobilismo século XXI.