A mais forte dupla

PUNTA DEL ESTE | E deu Button na briga feroz com Magnussen pela vaga que restou na McLaren no ano que vem, formando com Alonso a dupla mais forte destas bandas da F1 — Ron Dennis acertou ao definir assim. Mas Dennis errou ao longo do caminho, e era ele quem vinha colocando obstáculos sobre barreiras para que o inglês não continuasse na equipe. Se mencionam a má relação que o chefe tinha com o espanhol em 2007, é de se fazer uma analogia ao momento entre ambos.

Dennis acabou dobrado pelos demais acionistas da McLaren e teve de baixar a crista para o desejo da Honda, que sabe bem quem é Button desde 2003, quando empurrou os carros da BAR e tinha no inglês um de seus pilotos. O contrato foi assinado na noite de ontem e é de dois anos. Pobre Mag vai ter de esperar um bocado. Ou, se não quiser se tornar um Paffett da vida, ir caçar seu rumo.

Aliás, que triste destino tem a família Magnussen na F1. O pai Jan e Kevin disputaram juntos 43 corridas na F1 — 44 se contar aquele GP da Bélgica de 1998 em que 18 carros bateram após a largada. Button tem quase 6 vezes mais provas na carreira que ambos.

Quanto a Alonso: contrato de três anos e ciência de que é o último tiro que dá na categoria para ser certeiro. Fernando é o único piloto da história campeão a voltar duas vezes a uma casa onde já trabalhou. Na Renault, em 2008 e 2009, viu-se como num rito de passagem para a Ferrari, onde disse ter feito o melhor de sua carreira, nota 9, mas não conseguiu arrumar uma casa que por tradição é desarrumada e só Schumacher deu um jeito. E é com Button que Alonso vai ter de contar muito — e sem pensar que vai ser a farra do boi e a moleza que encontrou na carreira com seus parceiros.

Pelo que está investindo, a McLaren não pode mais errar, e a primeira coisa a se resolver é o ajuste ao Honda; depois, estudar certinho as áreas onde o carro tem pecado aerodinamicamente para não começar o campeonato de 2015 tão atrás da Mercedes e, possivelmente, da Red Bull e da Williams. Ao longo do tempo, Alonso é capaz de ir reduzindo os décimos necessários ao lado de um Button que se encaminha para suas apresentações finais.

Um é Senna, outro é Prost em estilo, mas é praticamente impossível desenhar uma McLaren beligerante mais pelo estilo cavalheiresco de Button do que do naturalmente brigador de Alonso. Aguardemos uma equipe no top-3 pelo menos.

A Audi é que ficou na mão nesta história toda, e o projeto de ter Button no lugar de Kristensen vai para o vinagre. Atrás de quem a marca vai atrás agora? Trocar de dinamarqueses — infelizmente — não vai, até porque Mag ainda é café pequeno.

Por fim, basta dizer que este é Américo Teixeira Jr., senhoras e senhores, um cara dos mais íntegros e um jornalista dos mais profissionais que conheço e com quem tenho a honra de conviver e trabalhar.

Comentários

  • Victor,

    Só acrescentando… Antes do Alonso, o Berger também já voltou 2 vezes em equipes onde já havia guiado:

    Ferrari (87-89) e (93-95) e Benetton (86) e (96-98).

    Abs!

  • Icônica a foto com Alonso e Dennis abraçados e sorridentes. Quem teve que engolir o orgulho?

    Ps. Na altura do GP da Bélgica já era Jos Verstappen o companheiro do Barrichello na Stewart. Magnussen pai já tinha sido demitido a essa altura do campeonato.

  • A Audi tem quatro soluções que podem ser utilizadas para substituir Tom Kristensen. Os pilotos que participaram de Spa e Le Mans no carro 3 que é Olivier Jarvis, Marco Bonanomi e Filipe Albuquerque. Fora o Mike Rockenfeller que faz parte do programa do DTM, mas até 2012 fazia parte do programa de LMP1 da marca alemã

  • Gosto do jeito irreverente do Flávio Gomes, mas esse Américo é realmente o cara.

    Quanto à McLaren, aposto que começa atrás da Ferrari (pior impossível), mas até a metade da temporada se firma entre RBR e Wiliam’s preparando o bote para 2016.