Se pá, Se pang

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SÃO PAULO | Que Vettel venceria com a Ferrari, não havia dúvidas; que seria na segunda corrida, nem o próprio esperava. Mas é sempre bom, neste momento, para quem teima em desdenhar da capacidade deste jovem que está há algum tempo na história do automobilismo e que vai se perpetuar como um dos melhores de todos os tempos.

Vettel, agora com 40 triunfos, passa a pertencer a um seletíssimo grupo que agora passa a ter dez pilotos. Junto com Reutemann, Lauda, Scheckter, Berger, Piquet, Räikkönen, Button e Alonso, Sebastian agora tem vitórias por três equipes diferentes – Toro Rosso, Red Bull e Ferrari. Moss é o inatingível, com cinco.

É claro que ninguém vence com qualquer carro; a Ferrari melhorou à beça do ano passado para cá. A série de mudanças praticamente fez da Scuderia uma outra Scuderia, e é Vettel que é o líder de tudo isso, o maestro, o comandante que converge e concentra para que as coisas fluam. Piloto não é aquele que somente senta a bunda no cockpit, acelera, freia, vira para esquerda e direita e aperta botões. É também aquele que sente o que o carro lhe traz depois de três ou quatro voltas e traduz para que os mecânicos e engenheiros trabalhem em cima. É aquele que cumprimenta todos os membros do seu grupo e faz com que formem efetivamente um time. Vettel é isso tudo. É completo neste sentido, como poucos na F1.

Vettel desfez o dogma desta temporada não só nas quatro voltas que ficou atrás de Hamilton até a entrada do safety-car como em todas as demais. É claro que a parada de Ericsson na brita da curva 1 transformou a corrida porque fez a Mercedes se apavorar na estratégia e chamar seus dois pilotos sem se preocupar se a Ferrari faria o mesmo – talvez porque nunca imaginasse que Sebastian teria condições de enfrentá-la. Hamilton e Rosberg perderam muito tempo para passar o pelotão, e ali Vettel já tinha aberto uma diferença que levaria em média até o fim.

Da mesma forma que o carro da Williams não flui na chuva, este novo da Ferrari é uma beleza quando o calor vem pra fritar ovo. Gabriel Curty chegou a comentar que a equipe é totalmente favorável ao superaquecimento da Terra e do efeito estufa, e é verdade. Com James Alisson como seu genitor, a SF15-T trabalha excepcionalmente em altas temperaturas e tem um desgaste muito menor do que os demais – e isso não pôde ser visto na pré-temporada justamente porque ninguém foi ao Bahrein testar.

“Ain, mas isso significa que a disputa vai depender do frio e do calor, frio e calor, calor e frio, como faziam naquele programa do Miele, o Cocktail?” Pelo jeito, sim, o que significa dizer que, como a F1 não é disputa no deserto, a Mercedes segue soberana. Daqui 15 dias, na China, com temperaturas amenas e um retrospecto ótimo, a Mercedes tende a mandar ver como na Austrália; depois, no Bahrein, é provável que Vettel e Räikkönen – que fez excelente corrida de recuperação – voltem a atacar.

Então que ninguém se empolgue achando que ‘temos um djogo’. Hamilton continua tão favorito quanto antes, principalmente porque, nestas duas provas, Rosberg não ofereceu ameaça alguma. E não adianta Nico vir com sua sinceridade dizendo que não tem pilotado bem. Que pilote, pois. Senão Vettel vai ameaçar seu vice-campeonato, ainda que não signifique grande coisa.

O que se pode garantir é que a Ferrari já livrou frente para a Williams. Que queria tempo seco na corrida em Sepang, mas não teve ritmo algum nem para segurar Räikkönen babando lá atrás. Restou a Massa e Bottas brigarem novamente entre si, agora com vantagem para o finlandês. E OK, a Williams é a terceira força, bem à frente de Toro Rosso (sim!) e Red Bull.

Verstappen, que moleque. Mais jovem a pontuar, e, de acordo com as novas regras de restrição aos ‘di menor’, deve levar o recorde ad æternum. E vai conquistando seu espacinho, mostrando seu valor, ao lado de um Sainz que evoluiu muito na sua formação e lhe faz frente.

Force India e Lotus involuíram; McLaren evoluiu. A Sauber parecia no mesmo patamar, ao menos com Ericsson, mas Ericsson tem aquele patamar ali. Quanto a Nasr, não saiu do fim do pelotão com sua Sauber e o diferencial defeituoso. E a Manor Marussia terminou a prova, que coisa, coisa que a McLaren não conseguiu com nenhum de seus dois carros. Imagine como a vida de Alonso não está difícil hoje.

No geral, o GP da Malásia foi melhor que o da Austrália, até porque não tinha como ser pior. Ainda falta alguma coisa para que seja considerado bom, mas só o fato de ter tirado a Mercedes ali da zona de conforto tem de ganhar alguns créditos. Neste momento, a ressaca deve estar grande: a de Vettel, que se entregou à esbórnia da vitória e da emoção em formato etílico, e da Mercedes, que ainda procura as razões por ter perdido e se perdido.

Comentários

  • “Junto com Reutemann, Lauda, Scheckter, Berger, Piquet, Räikkönen, Button e Alonso”

    então seriam 9… kkkkkkkkkkkkkkkkkk… mais Gurney e Surtees são 11, ok… sem contar os que passaram desse grupo ganhando por 4 ou 5 times diferentes… Abraço a todos e taca-lhe pau!!!

  • Kimi teria dado show se n’ao tivesse o pneu furado.
    Cara seria uma daquelas brigas lindas, Kimi contra as Mercedes, quem sabe at’e o Vettel seria engolido pelo Kimi.
    Tomara que a zica saia logo do Kimi.

  • James Alison ‘e o proximo Adrian Newey, mas acho que a Mercedes pode ter armado essa derrota para calar a boca de quem quer cortar a vantagem da Mercedes. Nunca saberemos, mas que a ultima parada do Hamilton foi muito estranha foi !!! Colocar pneus duros sendo que o próprio Hamilton queria os médios?? Assim teoricamente chegaria no Vettel.

  • Falando em estatísticas, Piquet venceu três campeonatos c/ motores (Ford, BMW e Honda), e c/ três pneus diferentes (Goodyear, Pirelli e Michellan) e em duas equipes (Brabham e Willians). Que outros pilotos conseguiram esta diversidade? estou apenas buscando informações c/ quem possa ter, nada de polêmicas.

    • Piquet ganhou seus campeonatos com dois pneus diferentes: Goodyear e Michellin)

      Schumacher conquistou seus campeonatos, também, com três motores diferentes, dois pneus diferentes e duas equipes diferentes.

      Fangio é o recordista em seus campeonatos: quatro equipes, quatro motores e três pneus diferentes.

  • Esta lista é contestável Victor:

    O Button ganhou com a Honda, Brawn e Mclaren, certo?
    Só que Honda e Brawn eram a mesma equipe de 2008 para 2009, só mudou o nome e o motor Mercedes.

    No caso do Moss, ele ganhou apenas por 4 equipes com diferentes nomes (de acordo com a wikipedia). apenas usou 5 Chassis diferentes,
    já que naquela época podia e a Rob Walker usou chassis da Cooper em uma das vitórias dele.

    Abs!

  • Então, completando a lista:

    Vencedores com 4 equipes diferentes: Prost/Fangio/Stewart
    Vencedores com 3 equipes diferentes: adicionar a sua lista Surtees e Gurney

    Então, sem querer ser chato (mas já sendo) “seletissimo grupo de 15 pilotos, e não de 10”

    Abçs

    Antonio

  • Na boa, alguém fez algum “trabalho” para o Alonso.

    O cara é a zica em pessoa.

    Sai da Ferrari e ela volta à vitória, por mais ocasional que tenha sido, e ele tomando choques naquela McLaren com motor de CG.

    Pelo jeito a Williams terminará o campeonato de construtores no mesmo posto do ano passado, terceiro. Mais fácil de conquistá-lo (se nenhuma hecatombe acontecer) do que no ano passado, porém com um gosto de derrota pois vislumbrava o segundo.

    Red Bull bom, agora, só o de Campinas que massacrou meu porco.

    Abs

  • Na verdade, o Moss não venceu por cinco equipes.
    Foram quatro: Mercedes, Maserati, Vanwall e Rob Walker.
    Você deve ter se confundido porque, pela Rob Walker, ele ganhou com dois carros: Cooper e Lotus. Era a época em que a venda de chassis era autorizada.

  • Pode ser que sem o safety-car o Vettel não vencesse mas seria pau a pau porque na mesma situacão de pneus não teve muita diferença de desempenho,vale lembrar que o Haikkonen só teve zica neste inicio de ano e tendo uma prova normal deve estar disputando com o Vettel,o Massa teve um pit ruim,o Bottas teve problemas em toda a corrida então não é descupa,o Verstappen foi conservador na Australia guardando para atacar na parte final quando o carro quebrou,na Malasia começou mal mas depois da troca de pneus foi para o ataque e foi ganhando confiança atacando sem fazer besteira o que mostra que os pilotos do programa da Red Bull chegaram a F1 muito preparado,mais do que pilotos que ficam cinco anos na Gp2,a Sauber não pode perder oportunidades de pontuar agora porque depois ficara mais dificil,a Renault ,a Red Bull e a Mclaren tem muito para melhorar,sobre a Mclaren acredito que quando a Honda funcionar 100% ele podem chegar a quinta força,com todas as limitações estão lutando com a Forca India

  • Será mesmo que a Ferrari só renderá em altas temperaturas? Tomara que não. Que consiga um jeito de render também em outros climas. Legal a referência ao Paulo Antunes, kkkk

  • E a grande perdedora da prova foi a Red Bull, depois das declarações de que a F1 está sobre o domínio de uma equipe, que tudo está monótono, etc, aparece a Ferrari para mostrar o contrário, claro que em condições bem especificas, mas torna claro que o domínio não é absoluto, que é possível evoluir de um ano para o outro mesmo com estas regras.
    Agora o que ocorreu com o Ericson? Foi uma das saídas mais toscas que vi na F1, pior que isso só se derrapasse sozinho na reta, o que torna o mais surpreendente da Sauber na Austrália não o quinto lugar do Nasr, mas o Ericson ter conseguido pontuar!

    • Pois é isso mesmo: o 8º lugar do Ericsson dá bem a medida do valor do 5º lugar do Nasr. . .que já em Sepang mostrou que não é aquela coisa toda. . .

  • Foi uma boa corrida. Mas não me pareceu que Vettel venceu apenas pelo erro de estratégia, não mesmo. Ele ultrapassou os dois carros da Mercedes com muita facilidade e no final, o jogo de pneus do Hamilton era mais novo que o do Vettel.. mesmo assim Hamilton não descontou quase nada. O ritmo da Ferrari estava melhor.