Bowie

SÃO PAULO | Voltar, assim, com a ida de David Bowie.

Bowie é daquelas gentes que muita gente não havia de entender. Multifacetado e performático, sua aparência andrógina deu vida a Ziggy Stardust mudou a música nos anos 70 introduzindo o sucesso de um extraterrestre em nosso planeta. Na década seguinte, era Bowie que quem queria mudar, tentando ser menos centro das atenções, mas já não havia mais volta. E foi assim até horas atrás, numa partida construída como só ele poderia fazer.

Lançou ‘Blackstar’, o único álbum que não contém qualquer imagem sua, às vésperas de seus 69 anos e mostrou ao mundo ‘Lazarus’, música cujo verso inicial fala que ele está no céu. A estrela preta que representa a obra de sete canções é o sinal não de que ele está se apagando, mas que um novo mundo está por vir, quase que aquele de Ziggy.

Bowie, que não me recordo ter aparecido em qualquer corrida de F1 ou moto, soube ser herói de muitos por muito mais que um dia — que os berlinenses e jovens americanos o digam —, soube ser fama, som e visão dentro da sua rebeldia e sob pressão, soube fazer dançar de forma mágica e mostrou um amor moderno em sua odisseia espacial e especial. Seu maior orgulho foi “ter afetado o vocabulário da música”.

Mas o legado que deixa é mais além do que isso. É que assim como soube viver, Bowie soube morrer.

Comentários