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SÃO PAULO | A classificação d’hoje representa uma imensão de coisas nos dados estatísticos que já são sabidos: a primeira dobradinha da Ferrari em quase dez anos, a primeira pole de Vettel em um ano e meio, a primeira vez de Hamilton fora do top-3 desde a classificação da Bélgica do ano passado — irreal em desempenho; foi quando tomou punições pelas trocas do motor. Mas, mais do que isso, é a primeira vez em tempos que os quatro pilotos das duas principais equipes da temporada partiram com chances reais de conquistar a pole.

E isso já é maior que qualquer estatística.

Porque, convenhamos, não deve ser algo muito comum ao longo desta temporada. As próprias estatísticas mostram isso. Mas é mais pela condição relegada que se sabe de Bottas e Räikkonen, sobretudo este, diante de seus companheiros. Kimi, na verdade, perdeu a pole hoje. Tinha parciais bem interessantes para melhorar o tempo e se colocar à frente de Bottas, então provisoriamente na frente. Aí errou na última curva. Valtteri foi o segundo a completar seu treino e também não melhorou, cometendo também seus errinhos. Então veio Vettel, desbancando os dois finlandeses, mas sem fazer a volta perfeita. E Hamilton encerrou a classificação longe de acertar um giro ideal.

Isso tudo numa pista que sempre teve as Flechas Prateadas na frente — e também só a teve porque entrou na F1 justamente nos anos de domínio, e é por isso que causa certo espanto ver a fila mais importante toda pintada de vermelho. A expectativa na corrida é que a Ferrari tenha um melhor desempenho, e talvez a corrida, com os dois pilotos na frente, prove com mais clareza esta condição.

É uma dor de cabeça e tanto para Hamilton. E igualmente para Bottas. Porque há uma chance alta de ouvir um ‘deixa passar’ de novo.

Por fim, sobre Bottas e Räikkönen: teve briga entre os dois nas últimas duas corridas em Sóchi. Em 2015, os dois bateram na última curva na briga pelo pódio — Valtteri estava na Williams —, que caiu no colo de Pérez; no ano passado, Kimi conseguiu superar o compatriota na corrida sem esbarrões.

Os quatro primeiros estão numa liga à parte em relação ao resto.

A Red Bull se vê ameaçada pela Williams que anda, a de Massa, tanto que o brasileiro disse ter feito uma volta fantástica para se meter ali entre elas, em sexto. Verstappen tem tido um fim de semana apagadíssimo. Deve ser praga de Kvyat, que soltou um palavrão, o ‘fuck’, ao saber que não tinha ido para o Q3 por 0s004. Hülkenberg, de novo, ali no top-10 em oitavo mostra que a Renault deu um grande salto em volta rápida; na corrida, há de sofrer com as Force India de Pérez e Ocon, logo ali atrás.

E Palmer, hein? Ai, meu deus, risas, que coisa tenebrosa… até quando ele dura este ano? Neste ritmo, capaz de já ter outro piloto na segunda parte da temporada. Porque vai pesar demais na classificação do campeonato — assim como para a Williams — ter um só na zona de pontuação.

Alonso está tão desiludido que já não tem mais predicados para definir o horror que é a Honda, tampouco ânimo para comentar como foi sua classificação. Já deve estar rezando para acabar o domingo para pegar o avião rumo a Indianápolis. É na próxima quarta que ele testa pela primeira vez no superoval. Dependendo de como for, talvez ele não queira nunca mais sair de lá.

Na previsão para a prova, quem quer uma mais movimentada deve torcer para que Räikkönen e Bottas pulem na frente, segurando Vettel e Hamilton; seria, aliás, interessantíssimo, afinal Kimi, por mais mediano que esteja sendo na F1, não é daqueles que recebe ordem de equipe e sai abrindo para o companheiro — seu problema está no ritmo de corrida. Se Vettel mantiver a ponta depois da largada, é bem provável que seja o vencedor. E como é difícil vê-lo saindo mal no grid, é a aposta mais confiável. E colocaria Hamilton e Bottas no pódio.

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