I am (in) Indy

INDIANÁPOLIS _ Foi quase o périplo que Homero percorreu em sua odisseia, 20 anos em um dia e pouco, pelo tanto que já aconteceu até a chegada à cidade devidamente adaptada à primavera prestes a virar inverno e ao clima da Indy 500.

A história começou ainda no aeroporto em Cumbica, quando a pouco mais de uma hora para o embarque, o computador resolveu não ligar mais. Teimou e pediu que o CTRL + ALT + DEL fosse usado, mas a mensagem era a mesma e clara: “Você se fodeu”.

Então eu, que já não estava ainda no torpor da saúde, ainda com resquícios daquele suco de laranja decomposto, deixei o computador, ainda na tranquilidade que só desespero dá, no escaninho e parti para o embarque, consciente do gasto extra. Ainda com a cabeça nele, a mochila que passava no raio-X era apontada pelo fiscal, e lá ia eu perder o creme de barbear, o xampu e o desodorante, que naquele momento já estavam na mesma escala de perdas. Mais uma meia hora na revista, e partimos, Carsten Horst e eu, para nossas poltronas.

A 38B não era um conforto de poltrona, bem como todas as outras de minha classe. Não fizeram avião, pelo menos aquele que a dona companhia aérea que costuma sacanear em suas aeronaves para o Brasil — foi o que me disseram —, para gente de mais de 1m80. Qualquer clausura seria mais confortável e teria gostinho de quero mais. O sono começou a vir quando o jantar apareceu. Com um arroz com muitos pedaços de ovo por cima, restou-me dormir, devidamente agasalhado por conta do vento ártico que aquelas pútridas e amaldiçoadas saídas emanavam.

Washington, D.C., era meu destino inicial, e lá cheguei no amanhecer da quarta. Mais um período de intensa revista, um USA Today nas mãos, e o caminho seguia para IN.

Assim que deixamos o aeroporto, o sol mostrava que estava ali para ser a cereja do bolo. Beirando os 100 F, o autódromo era o curso normal. Muito mais cheio do que na quarta-feira do ano passado, levou um certo tempo para que chegássemos ao estacionamento, levemente longe da sala de imprensa. Ainda mais, tínhamos de achar onde realmente Helio Castroneves fazia o lançamento de seu livro, que fala da sua carreira envolta no julgamento do ano passado que quase o deixou numa pior.

Claro que só encontramos quando havia terminado, e já era mais de meio-dia por aqui. No almoço, encontramos Américo Teixeira Jr., e boas histórias vieram. Tempo depois, foi a vez de trombar Benito Santos, ex-assessor de Vitor Meira e hoje funcionário da Panther, grande mentor da tarefa da compra do novo laptop. Então partimos para o hotel que tem um Subway integrado.

Eram 7 p.m, sol a pino, quando a aquisição foi finalizada e o cartão foi dado com certa comiseração àquele vendedor de roupa azul e cheio das más intenções com meu parco dinheiro. O sono e o cansaço ali já batiam fortes. A voz começava a denotar uma rouquidão. O jantar aconteceu num lugar em que o hambúrguer era ótimo, e o Morfeu esperava com seus braços abertos meu capotamento instantâneo.

Tudo OK, acontece, e cá estou no IMS, olhando à minha diagonal direita o pessoal ali jogando no simulador da Indy. O trabalho e a jornada serão longos. O ‘Grande Primo’ virou ‘Grande Primeo’, não acertam nunca, mas a Margareth, uma das funcionárias da imprensa, é simpática demais para que eu vá reclamar com ela uma inversão de vogais.

A largada da cobertura foi dada.

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