Pastor alemão

SÃO PAULO | A meteorologia cravou, e lá foram os pilotos enfrentar a pista molhada de Hockenheim na manhã de hoje. A aderência era mínima, sobretudo na parte antiga do traçado. Num primeiro instante, a chuva ainda se fazia presente. Depois, parou, então permitindo que os pilotos abandonassem os pneus ‘wets’ para dar lugar aos intermediários. E numa disputa predominantemente alemã, foi Sutil quem fez as honrarias da casa ao liderar a sessão.

Sutil marcou 1min27s846 com a evoluída Force India, ganhando a disputa que teve os compatriotas Rosberg, Vettel e até mesmo Hülkenberg. Mas nenhum dos alemães ‘derrotados’ ficou com a segunda posição. Esta coube a Massa, que na prática foi o ponto de destaque da sessão: em meio a voltas rápidas, rodadas várias.

O banho de sal grosso parece ter funcionado a Massa. Ou, numa dúvida clebermachadiana de Twitter, não. Felipe foi a expressão máxima do 8 ou 80: a cada saída de pista, o brasileiro encontrava-se com escapadas na área de escape, passeios na grama e rodadas, quatro no total. Mas sempre encaixava uma volta que o colocava entre os primeiros. Foi assim que, faltando sete minutos para o fim, em um asfalto com trilho quase seco, que o ferrarista apareceu na ponta, desbancando a armada germânica. Pouco depois, Sutil tomou-lhe o primeiro posto.

Sutil já teve um desempenho mais linear. Como tem sido, aliás, sua temporada. Não teve muitos problemas para andar entre os primeiros. Vem demonstrando sua ótima fase com uma pilotagem segura num carro em franca evolução. Pena que não deve conseguir nada melhor que a Renault para 2011.

A terceira posição coube a um Button que só apareceu, mesmo, na parte final do treino. Porque o inglês novamente reclamou do novo conjunto aerodinâmico da McLaren, aquele do difusor-escapamento, que na Inglaterra não funcionou em nada para o atual campeão. É bem capaz que a equipe novamente desista da inovação durante o fim de semana, até porque vai ter pouco tempo de pista seca — que é a previsão para a corrida de domingo — para avaliá-la.

Em quarto ficou Barrichello, outro em fase ascendente. O único momento do piloto da Williams foi uma rodada na Parabolika, a curva 4 do circuito. De resto, um treino sólido. Barrichello ficou 0s001 à frente de Petrov, que tem oito provas para mostrar que pode ficar pela Renault por seus méritos e não por acordos comerciais ligados à sua Rússia.

A garotada alemã, no fim das contas, acabou ocupando posições não muito destacadas pelo que fez durante os 90 minutos. Rosberg terminou em sexto, Hülkenberg foi oitavo e Vettel ficou em 11º, com o mesmíssimo tempo de Glock — o queridinho da torcida! — e sua Virgin. Aliás, melhor resultado em treinos da história da novata equipe. Di Grassi também não ficou muito atrás: foi o 18º, à frente de Alonso, Kobayashi e até Schumacher.

Como em qualquer treino em pista úmida, os ‘spins’ foram constantes. Na mesma Parabolika onde Massa — a primeira vez — e Barrichello rodaram, Hamilton beliscou a zebra da curva à esquerda e perdeu a direção. A McLaren foi parar na grama molhada e, deslizante, caminhou certeira até a barreira de pneus de lado, em um acidente visualmente mais forte do que as consequências acabaram trazendo: avarias na suspensão e na asa dianteira, além de afetar parte da configuração difusor-escapamento. Via rádio, Lewis disse o óbvio: “O carro sofreu danos…”. Hamilton fechou o TL1 logo à frente de Di Grassi.

Senna foi outro que não chegou ao fim da sessão. Bom piloto de chuva, mas com um carro que bem se sabe que é a representação em quatro rodas de uma draga, escapou na entrada da reta principal, atolando na brita. Ainda assim, ficou em 22º. Pode se gabar de ter terminado à frente de Schumacher.

O próximo treino acontece às 9h. A continuar assim, em pista provavelmente seca. Mas a meteorologia não é muito otimista para as equipes. Deve vir uma tromba d’água em instantes.

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